Ainda aprendendo a falar, a pequena Ana Laura, de 1 ano e 5 meses, se comunica com a família por gestos, expressões e poucas sílabas. Parece não encontrar o que está procurando. A bebê foi a única a sobreviver em um acidente envolvendo dois carros na SC-163, próximo ao aeroporto Hélio Wassun, em São Miguel do Oeste. Após a morte dos pais com a colisão, ela está sob cuidados da avó materna, quem deve ficar com sua guarda.
"Ela não falava mamãe e papai ainda, não declara as palavras. Tenta falar outras coisas, mas ela pede. Não chama pela mãe, mas a gente vê que ela pede alguma coisa e não encontra", disse Carla Schmitt, tia da bebê. "A Ana Laura está se recuperando bem. Vai ficar com a gente aqui em casa, no nome da minha mãe, que é a avó materna".
A família pretende dar entrada na burocracia pela guarda da criança já nesta semana, depois de conseguir os atestados de óbito das vítimas. Carla, que mora com seus pais em Descanso, vai ajudar a cuidar da menina, embora o registro fique no nome de sua mãe Delcir, de 55 anos.
Simone Schmitt, de 30 anos, e Arnaldo Bertoncello, de 37, morreram depois de uma batida frontal na noite do último dia 2. Eles haviam ido a São Miguel do Oeste visitar o avô paterno de Ana Laura, que fazia aniversário. O Ford Ka em que estavam se chocou com um Corsa. A condutora, Simone Schwab, de 32 anos, tentou uma ultrapassagem proibida enquanto fugia das autoridades após furar uma blitz, segundo a Polícia Civil.
Conforme relato de agentes, a cadeirinha para bebês salvou Ana Laura. A menina foi encaminhada ao Hospital Regional Terezinha Gaio Basso, onde foi constatada fratura em uma perna. Sem precisar de cirurgia, ela teve alta na tarde do dia seguinte.
"Pelo que os policiais nos falaram, foi realmente a cadeirinha que salvou. Foi um milagre. Ela só quebrou uma das pernas e ficou com uma manchinha por causa do impacto do cinto", afirmou Carla.
Segundo Carla, a irmã Simone Schmitt tinha por hábito tomar todas as precauções no trânsito. Ela ainda planejava comprar um carro mais espaçoso, por achar seu Ford Ka apertado para andar com a filha e as bagagens que carregava em passeios.
"Fica esse sentimento de revolta, porque minha irmã sempre foi muito certa, tinha muita cautela. Ela nunca dirigia em alta velocidade, sempre foi muito cautelosa com bebida, dizia para o meu cunhado que se ele bebesse não era para pegar o volante. Quando entrava no carro, já colocava o cinto nela e na cadeirinha da neném, sempre com medo de acontecer alguma coisa. A gente faz o máximo para se cuidar, mas, no trânsito, a gente tem que cuidar dos outros também", disse.
Enquanto Arnaldo acabara de fazer aniversário, em dezembro, Simone completaria 31 anos no próximo dia 26. Atendente de farmácia, ela estava de folga no dia do acidente. Antes, havia visitado sua avó com a irmã e, juntas, discutiam sobre sua festa de 91 anos.
"Ela estava muito contente. Sempre trabalhou para buscar o melhor para a Ana Laura. Não deixava a menina por nada. A gente brincava com ela: 'vai trabalhar, deixa ela aqui com a gente'. E ela dizia: 'Essa eu não deixo por nada'. Vamos continuar com esse mesmo propósito dela, de dar um futuro bom para a Laurinha", prometeu Carla.
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